Projeto de Leitura- Língua Portuguesa como L2 para Alunos Surdos


NÚCLEO DE APOIO DIDÁTICO PEDAGÓGICO
CAS WILSON LINS

Diferença na Sociedade: Identidade e Cultura Surda



Equipe:Márcia Silva Carvalho
Maria Sueli P. da Silva
Marta Maria Dantas Martins

1 - TEMÁTICA:
O Sujeito e suas Diferenças: o ensino da leitura como segunda língua para o aluno surdo.
Trabalhar a leitura numa perspectiva bilíngüe tendo como língua de instrução a de Sinais (L1), uma língua espaço-visual que apresenta toda uma estrutura gramatical das línguas orais, e a língua portuguesa escrita como segunda língua (L2) com os alunos da oficina de Português L2 no CAS Wilson Lins - BA.

2 - PROBLEMÁTICA:
As atuais Políticas Públicas estão voltadas para a inclusão do Portador de Necessidades Educativas Especiais (PNEE) com uma proposta de educar na diversidade, respeitando as diferenças.
Em relação à educação do surdo, esta inclusão não está ocorrendo de maneira efetiva. Apesar de ter como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngüe, ou seja, deve adquirir como primeira língua a de sinais que é considerada a sua língua natural e como segunda língua a oficial do seu país, os alunos surdos estão sendo inseridos em classes de ouvintes e o ensino do Português vem sendo ministrado num contexto de 1ª língua, numa concepção oralista, ou seja, passa a aprender uma língua que ele desconhece sua base lingüística e sem que tenha uma prática social de leitura e escrita.
Desta forma ele vai passando por várias séries tendo dificuldade em fazer leitura e sem haver o efetivo aprendizado do Português faltando, desta forma, o respeito às suas diferenças em seus aspectos psicossocial, cultural e lingüístico.
Segundo Thoma & Lopes (2004, p.77) “as identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com a maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito” e isto vem sendo roubado deste sujeito.

3 – JUSTIFICATIVA
A importância de enfocar o Sujeito e suas Diferenças: o ensino da leitura como segunda língua para o aluno surdo numa perspectiva bilíngüe é para respaldar-se na necessidade do educando surdo reconhecer-se como cidadão que tem direito e deveres para consigo e com o outro, despertando valores como o respeito às diferenças, indispensável à sua convivência na sociedade. Trabalhando o ensino da leitura da língua portuguesa como segunda língua os alunos se apropriarão da Língua Portuguesa escrita, de forma significativa através de atividades de leitura com compreensão e interpretação de textos diversos de uso social.
Na aquisição do Português escrito o surdo estará apropriando-se de uma língua que utiliza o canal auditivo-oral, por isso, necessita de atendimento específico para que possa ser favorecido em seu aprendizado, que independe dessa relação, precisando assim de recursos e metodologias adequadas para sua aquisição. Desta forma para nomear as práticas pedagógicas desenvolvidas em sala de aula estaremos trabalhando com o letramento, a leitura e escrita sempre inseridas em práticas sociais significativas, numa perspectiva bilíngüe.
As aulas de Português como segunda língua serão desenvolvidas com alunos de escolas regulares e do CAS/BA que agregou a Escola Wilson Lins, especializada na escolarização de alunos surdos, de acordo com a Portaria nº 3088 do D.O. de 15 de fevereiro de 2005. A partir dessa data, a Escola passou a denominar-se CENTRO DE CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO E DE ATENDIMENTO ÀS PESSOAS COM SURDEZ WILSON LINS – CAS/BA.
Com a reestruturação da Instituição, o CAS Wilson Lins/BA, além de oferecer escolaridade, amplia suas ações, incluindo na sua estrutura cinco núcleos: Núcleo de Capacitação de Profissionais da Educação; Núcleo de Apoio Didático Pedagógico; Núcleo de Tecnologia e de Adaptação de Material Pedagógico; Núcleo de Convivência e Núcleo de Pesquisa. Conta ainda com um Laboratório de Informática.
Desta forma, o CAS Wilson Lins/BA vem cumprindo a sua finalidade de Centro de Referência, na área da surdez.
Este projeto propõe investir no processo de ensino e aprendizagem da leitura em L2, para o educando surdo, tendo como base a 1ª língua do aprendiz, logo a aprendizagem da L2 ocorrerá por meio da mediação da L1.

4 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
Para trabalhar com o aluno surdo dentro de uma perspectiva inclusiva, deve-se respeitar suas diferenças cultural, e lingüística, ensinando o Português escrito como uma segunda língua e tendo como base lingüística consolidada a Libras. QUADROS nos mostra que :
A comunidade surda tem como característica a produção de histórias espontâneas, bem como de contos e piadas que passam de geração em geração relatadas por contadores de histórias em encontros formais, normalmente em associações de surdos. Infelizmente, nunca houve preocupação de registrar tais contos. Tal material é fundamental para esse processo se estabelecer, pois aprender a ler os sinais, dará subsídios às crianças para aprender a ler as palavras escritas na língua portuguesa. ( 2006,p.25)
Mesmo tendo seus direitos garantido pelo decreto nº 5626 de 2005 que em seu art.14, §1º diz:
II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;
III - prover as escolas com:
a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e
d) professor regente de classe com conhecimento acerca da singularidade lingüística manifestada pelos alunos surdos;
Não é o que se vê na prática. Os seus direitos lingüísticos não são respeitados pois os professores não dominam a Libras e também não têm intérpretes nas salas de aulas inclusivas.
O professor da classe inclusiva com alunos surdos precisará ser um professor bilíngüe, pois para interagir com seu aluno será necessário conhecer a LIBRAS, assim poderá fazer uma mediação no processo de aprendizagem e garantir a este aluno o efetivo direito à educação, à informação e à comunicação. No caso de uma aula de leitura por exemplo “ o professor precisa conversar na língua de sinais sobre o que a leitura estará tratando. Isso não necessariamente implica em ler o texto em sinais, mas sim conversar sobre o texto [... ]” (QUADROS, 2006, p.41).
E mesmo que na classe inclusiva exista um intérprete, este deverá assumir sua verdadeira função de intérprete e o professor o seu papel, não permitindo que o intérprete assuma a função de professor.
Verifica-se, pois, a presença de um intérprete, uma das necessidades reais no meio escolar e extra escolar do surdo[...]. Agindo como mediador na comunicação com as pessoas ouvintes e auxiliando o surdo na aquisição de informações sobre o universo ouvinte, o intérprete é um elemento fundamental nessa interação. ( THOMA e LOPES, 2006, p.162)
Desta forma espera-se que a cultura surda não seja negada por uma cultura ouvinte dominante, e que estes aprendam a respeitar a diversidade de pessoas que usam outra língua e outra cultura, não esquecendo o quanto é importante a cultura para a construção da identidade como nos mostra THOMA e LOPES(2006)

5- OBJETIVOS:
Geral
Ø Oportunizar o aprendizado e contato com a leitura da Língua Portuguesa escrita, promovendo estratégias que permitam o desenvolvimento da L2.

Específicos
Ø Ler textos possíveis com informações necessárias à compreensão do leitor;
Ø Conhecer diferentes usos sociais de textos;
Ø Utilizar a leitura como fonte de informação;
Ø Enriquecer o vocabulário do aluno surdo;
Ø Desenvolver a capacidade de expressar sentimentos, experiências, idéias e opiniões, bem como do acolhimento dos saberes e opiniões dos outros.

6 - METODOLOGIA
Fazendo uso de uma proposta bilíngüe e bi-cultural, os conteúdos serão trabalhados de forma dinâmica, reflexiva, respeitando as especificidades de modo integrado.
De forma a assegurar a unidade nas ações em torno do Projeto, foram estabelecidos alguns pontos que devem contar com a participação efetiva de todos os educadores:
Fazer sensibilização: Apresentar um cartaz com pessoas de diferentes tipos de raça e portadoras de necessidades especiais, levando o aluno a refletir sobre diferenças entre os seres humanos. Questionar também sobre diferenças de gostos(a cor preferida, o esporte preferido,etc.) e de aparência (alunos que usam óculos, aparelho dentário ,aparelho auditivo, etc.
Apresentar fichas com imagens que aparecem no texto e a cada imagem apresentada perguntar o sinal e o nome dactilologizado[1];
Trabalhar o vocabulário fixando as fichas em um painel e, logo abaixo, fichas com respectivos nomes, pedindo a cada aluno para que façam a dactilologia de cada nome para que possa fixar os nomes das gravuras apresentadas;
Contar toda a história do livro Viva as Diferenças em língua de sinais;
Discutir em língua de sinais o conteúdo do texto, fazendo a interpretação;
Apresentar o livro e ir mostrando cada página com as gravuras fazendo a leitura do livro;
Distribuir texto adaptado do livro Viva as Diferenças e pedir que cada aluno faça a leitura silenciosa;
Pedir aos alunos para circular as palavras sinalizadas pela professora;
Pedir aos alunos para sublinhar as frases sinalizadas pela professora;
Entregar parágrafos desordenados e pedir que o aluno recorte e cole na seqüência certa;
Entregar gravuras do texto e fazer questionamento sobre o que representa cada gravura, de acordo com o texto, e pedir para que os alunos colem os blocos do parágrafo correspondente, que estarão em desordem;
Fazer uma atividade de caça-palavras;
Fazer leitura individual, do texto adaptado, ampliado, passando o dedo por cada linha para ler o bloco e não simplesmente palavras soltas. Será permitido a ajuda dos colegas durante a atividade.
Entregar frases, retiradas do texto, com todas as palavras unidas para que o aluno corte e separe as palavras formando a frase correta.
Durante as atividades serão usados alguns recursos que ajudarão a desenvolver esta metodologia, quais sejam:
Ø Humanos – todos os sujeitos envolvidos direto e indiretamente na prática pedagógica.
Ø Materiais – livro de literatura, fichas, cartolina, fita adesiva, pasta sem elástico para aluno, (classificador rápido), caderno para aluno, papel ofício, papel pautado, computador, cola, tesoura, quadro branco, pincel p/ quadro branco, etc.

7 - CRONOGRAMA:
O projeto será desenvolvido durante a 3ª unidade no período de 30/08 a 21/09/2007, envolvendo três turmas da Oficina de Português como Segunda Língua:

TURMA 01:

07/09:
· Fazer sensibilização
Apresentar de fichas com imagens;
Perguntar o sinal e o nome dactilologizado;
Trabalhar o vocabulário fixando as fichas em um painel;
Fixar fichas com nomes das gravuras;
Fazer a dactilologia de cada nome;
Contar toda a história do livro Viva as Diferenças em língua de sinais.
Discutir em língua de sinais o conteúdo do texto.

14/09:
Fazer a interpretação, em sinais, do texto lido na aula anterior;
Apresentar o livro e mostrar cada página com as gravuras, fazendo a leitura do livro;
Distribuir texto adaptado do livro Viva as Diferenças
Pedir que cada aluno faça a leitura silenciosa;
Pedir aos alunos para circular as palavras sinalizadas pela professora;
Pedir aos alunos para sublinhar as frases sinalizadas pela professora;
Entregar parágrafos recortados;
Pedir que o aluno cole os parágrafos na seqüência certa;

21/09:
Entregar gravuras do texto;
Fazer questionamento sobre as gravuras;
Pedir para que os alunos colem as gravuras no parágrafo correspondente;
Fazer uma atividade de caça-palavras.
Fazer leitura em conjunto do texto adaptado.
Entregar frases com todas as palavras unidas para que o aluno corte e separe as palavras formando a frase correta.

8 - EQUIPE DE TRABALHO

O projeto será desenvolvido pelos professores do CAS Wilson Lins, Núcleo de Apoio Didático Pedagógico, na Oficina de Português como Segunda Língua.

9 - AVALIAÇÃO:
A avaliação acontecerá em todas as etapas do projeto, contando com o envolvimento dos sujeitos da práxis e obedecendo a seqüência:
Diagnóstica: levantamento dos saberes prévios.
· Processual e de cunho formativo, onde os alunos possam se ver como agentes e partícipes. Durante as aulas a professora acompanhará o trabalho do aluno, fazendo inferências e orientando-os. Ao final de cada semestre será apresentado um relatório registrando o desempenho de cada aluno e do grupo como um todo.
· Auto – avaliação: fazer com que os alunos pensem em seus progressos no processo de leitura.

10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAHIA. Tecendo Leituras. SEC/BA. 2003.

______. Ensinando e aprendendo com Sucesso - Classe Aceleradas. Módulo 1, 2, 3,4. SEC/CENPEC/MEC- 1998.

______. Plano de atuação do Centro de Capacitação de Profissionais e Atendimento à Pessoa com Surdez. Salvador: CAS/BA, 2004.

BRASIL. Alfabetização: Aquisição do Português escrito por Surdos. Volume II.MEC.Disponível em http://www.jonas.com.br/ acesso em 09/03/2007.

LIBRAS É LEGAL. Viva as diferenças. Porto Alegre: FENEIS, 2005.

QUADROS, Ronice Muller de, SCHMIEDT, Magali L.P. Idéas para ensinar Português para alunos surdos. Brasília: MEC/SEESP, 2006.

SALLES, Heloísa Maria Moreira Lima... [et. al.]. Ensino da Língua Portuguesa para surdos: Caminhos para a prática pedagógica. Vol I e II. Brasília: MEC/SEESP, 2004.

THOMA, Adriana da Silva, LOPES, Maura Corcini. A Invenção da surdez: cultura, alterridade, identidades e diferenças no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.






quarta-feira, 11 de junho de 2008

Atividades : Viva as Diferenças

CAS WILSON LINS / BA
DATA:___________________________________________________________
DIA DA SEMANA__________________________________________________
ALUNO (A)_______________________________________________________
PROFESSORA:___________________________________________________

Oficina de Português L2

1) Leia o texto:

VIVA AS DIFERENÇAS

O mundo é muito grande e nele moram pessoas muito diferentes. As roupas são diferentes, a comida e a língua também.
Algumas pessoas moram em casas grandes e bonitas, outras em casinhas apertadas e pobres. Isso é desigualdade social.
Existem muitas diferenças entre as pessoas: na cor da pele, no corpo, na linguagem. Algumas usam óculos, aparelhos auditivos ou nos dentes.
Todas as pessoas têm o direito de serem entendidas quando falam outro idioma, por isso os surdos conquistaram o reconhecimento da L-í-N-G-U-A B-R-A-S-I-L-E-I-R-A D-E S-I-N-A-I-S a Libras.
As pessoas não são iguais, nascem diferentes e tem o direito de serem respeitadas.
Discriminação é não respeitar as diferenças. Isso é crime e quem discrimina pode ir preso.Amigos de verdade respeitam.

Texto adaptado do livro Viva as Diferenças – FENEIS-RS “Libras é Legal”


ATIVIDADE

1ª) Coloque as frase na ordem certa:

a) pessoas mundo O grande e nele é muito diferentes moram.

b)comida As língua são a também roupas diferentes a .

c) entre diferenças Existem muitas as pessoas.

d) auditivos dentes nos Algumas óculos usam aparelhos ou .


2ª) Recorte e cole os parágrafos na seqüência certa:

As pessoas não são iguais, nascem diferentes e tem o direito de serem respeitadas.
Algumas pessoas moram em casas grandes e bonitas, outras em casinhas apertadas e pobres. Isso é desigualdade social.

VIVA AS DIFERENÇAS

O mundo é muito grande e nele moram pessoas muito diferentes. As roupas são diferentes, a comida e a língua também.

Texto adaptado do livro Viva as Diferenças – FENEIS-RS “Libras é Legal”

Todas as pessoas têm o direito de serem entendidas quando falam outro idioma, por isso os surdos conquistaram o reconhecimento da L-í-N-G-U-A B-R-A-S-I-L-E-I-R-A S-I-N-A-I-S a Libras.

Existem muitas diferenças entre as pessoas: na cor da pele, no corpo, na linguagem.

Algumas usam óculos, aparelhos auditivos ou nos dentes.

Discriminação é não respeitar as diferenças. Isso é crime e quem discrimina pode ir preso.Amigos de verdade respeitam.


3) Separe as palavras e escreva as frases corretamente:

a) Existemmuitasdiferençasentreaspessoas
_________________________________________________

b) Asroupassãodiferentesacomidaealínguatambém.
_________________________________________________

c) Nacordapelenocorponalinguagem.
_________________________________________________

d) Discriminaçãoénãorespeitarasdiferenças.





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